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tempos miseráveis?

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sobre “Onde estão os miseráveis”

Espetáculo com encenação de Ariel Philipe e Andréa Terra que assina a dramaturgia do mais recente trabalho do Coletivo Bichos de Teatro de Niterói.

Por Fabio Cordeiro – Artista-pesquisador.

(Doutor em Artes Cênicas. Diretor da Nonata Cia. De Arte. Curador da NEL – Nonada Escola Livre)

 

Espetáculo volta ao palco em novembro no Teatro Popular Oscar Niemeyer

Depois de um longo trajeto de mais de três anos de processos criativos, o trabalho fez suas primeiras apresentações no Theatro Municipal de Niterói e volta a ser apresentado no Teatro Popular nos dias 21, 27 e 28 de novembro. Trata-se de um ótimo espetáculo, carregado de afetividades e senso crítico, que se inscreve com louvor na tradição dos musicais políticos brasileiros, como os realizados pelo Teatro de Arena e Oficina, desde a década de 60 e ainda hoje. “Onde estão os miseráveis” é belo e oportuno.

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A encenação do Coletivo Bichos de Teatro dialoga com a obra de Vitor Hugo ao mesmo tempo em que aborda criticamente a condição dos menos favorecidos no contexto brasileiro contemporâneo. A diferença que salta aos olhos em primeiro lugar é que se no século XIX as novas ciências sociais denunciavam o tratamento desumano que a industrialização impunha ao Proletariado (novo segmento social – pós-servidão), na atualidade o Precariado se impõe como continuidade da mesma lógica: escravidão, autoritarismo e violência como pedagogias da opressão para explorar a força física, submetendo a vontade e o pensamento do outro. A lógica da servidão se instaura nos corpos e nas mentalidades através do terror. Nesse sentido, notar as modulações de linguagem tanto na lógica autoritária como na democrática torna-se decisivo para o processo civilizatório brasileiro. A barbárie se impõe na manipulação dos signos. A cena que o espectador encontra em “Onde estão os miseráveis” reafirma a via coletiva como caminho de construção social e artístico. No espetáculo, essa perspectiva é desdobrada via coralidade, ora como cenografia de corpos organizados construindo imagens estáticas, ora como coreografias em momentos musicais (coletivos e solistas) onde a grande quantidade de artistas envolvidos ganha voz e ressonância na plateia. Na apresentação que presenciei foi visível o envolvimento emocional e a resposta vibrante dos espectadores, curiosamente em um Theatro construído no século XIX.

O espetáculo é repleto de procedimentos paródicos (do grego párodos: canto paralelo e passagem lateral para entradas e saídas do coro). A dramaturgia não faz uma paródia, mas Andréa Terra dispõe lado a lado a nossa realidade com o texto de Vitor Hugo, concluído três décadas depois da “Batalha de Hernani”, ocorrida na estreia em 1830 de seu texto “Hernani” (um não nascido, non-nata ou nonada). Naquela noite os espectadores aos berros e sopapos se dividiram entre classicistas e românticos, estes defendendo a estética moderna onde o gênio criador é senhor de suas escolhas, é sujeito que tem autonomia para ler o mundo e transformar suas leituras em obras inovadoras, livre das regras clássicas. A obra do escritor francês é bastante marcada pela figuração do “zé ninguém”, tal como o Woyzeck de Büchner ou os idiotas de Gógol e Dostoiévski.

“Onde estão os miseráveis” reafirma o sentido etimológico de plateia (do latim: local para batalhas) ao retratar através da teatralidade das formas corais o jogo perverso entre explorados (nonadas) e opressores (burgueses) de outrora e agora. O amigo-leitor tem muito a ganhar em sua leitura de mundo quando estiver na plateia como espectador da encenação do Coletivo Bichos de Teatro, um coro emancipado que nos interroga sobre nossos tempos miseráveis. Afinal, como se vê no título, não é necessário perguntar, todos sabem onde a miséria está e como ela se organiza para permanecer.

Mas até quando?

(Texto: Fabio Cordeiro. Fotos: Luiza Nasciutti. Realização: Coletivo Bichos de Teatro)

SINOPSE

Releitura do musical “Os miseráveis” com um olhar impactado pela dura realidade do nosso tempo. Acompanha a jornada de pessoas comuns para sobreviver, apesar de todas as dificuldades e injustiças sociais.

SERVIÇO

Onde estão os miseráveis

Gênero: Teatro musical

Temporada: 21, 27 e 28 de outubro, às 20h.

Duração: 90 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Ingresso: R $ 30,00

Onde: Teatro Popular Oscar Niemeyer. Rua Jornalista Coelho Neto, s / n. Telefone (21) 2613-2613.

 

EQUIPE DE CRIAÇÃO: “ONDE ESTÃO OS MISERÁVEIS”

 Encenação       Andréa Terra e Ariel Philippe

Dramaturgia     Andréa Terra

Dramaturgia musical         Pedro Lopes e Andréa Terra

Participação no argumento      Rafael Ferreira

Assistentes de direção     Aninha Pessa, Ariell Fonseca e Wesley Carneiro

Direção musical e preparação vocal         Dani Calazans (2017) / Alessandra Quintes (2018)

Assistente de direção musical e preparação vocal  André Grabois

Equipe de direção de arte         Ariel Philippe, Ariell Fonseca, Felippe Ronan, Jordana Corrêa, Julia Onofre, Lino Naderer, Mayra Barroso, Renato Pinheiro

Pianista             Ariel Donato

Concepção de iluminação        Ariel Philippe

Equipe de iluminação       Julia Onofre e Lino Naderer

Diretor técnico Silas Mendes

Operador de som     Leo Pecattu e Silas Mendes

Composições originais    Claude-Michel Schönberg

Assessoria de imprensa           Matheus Zanon

Elenco

Ana Paula Figueiredo

Aninha Pessa

Andréa Terra

Ariel Philippe

Ariell Fonseca

Bianca Pontes

Bianca Paysan

César Salomão

Erika Mourão

Felippe Ronan

Flavio Trolly

Fraya Hippertt

Jen Mou

Jordana Corrêa

Kamylla Duarte

Lino Naderer

Luan Zhaski

Luis Felipe Dormow

Nathalia Rodrigues

Renato Pinheiro

Solange Electo

Thomás Rodrigues

Thuane Ribeiro

Wallace Farias

Wesley Carneiro

Withe Vianna

Produção executiva Coletivo Bichos de Teatro

Produtores encarregados        Julia Onofre, Deilza Santos e Mateus Pessa

 
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Publicado por em 19 19America/Sao_Paulo novembro 19America/Sao_Paulo 2018 em PRIMEIRO CADERNO

 
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19 a 19: um balanço poético.

 

Por Fabio Cordeiro

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19 de janeiro a 19 de maio.

No início do ano, ao participar de uma aula na UFF como palestrante, conheci Maria Fernanda, estudante de produção. Naquela data, possuía 19, hoje 20 anos de idade.

Ela me incentivou a fazer Insulto ao Público, texto sobre o qual fui falar.

Cai nessa “armadilha”.

E fiz um trajeto investigativo com o texto novamente.

Dessa vez, aproveitando todo o acúmulo de releituras e soluções de encenação que fui encontrando ao longo dos anos, entre 2004 e 2012, para colocar-me como performer.

Vocação. Movimento de dar voz ao seu propósito na vida.

Vocalizar. Vocalizei solo um texto escrito para quatro oradores.

Transformando em voz um texto tão lido, relido e escutado por mim, vivi o processo mais solitário até agora em minha trajetória de mais de 20 anos convivendo com coletivos de criação.

Como sempre, contei com a interlocução de Carlos Mattos, meu associado na Companhia.

Mas realizei tudo muito sozinho do ponto de vista físico. Até encontrar os nove espectadores que se dispuseram a comparecer na Scuola di Cultura.

Foram três dias (chuvosos) de ensaio aberto.

No primeiro dia, sete simpáticos e disponíveis.

No segundo dia, ninguém. Nonada.

Ensaio assim mesmo, aproveito o espaço e o tempo ali.

Terceiro dia, duas espectadoras. Uma senhora e uma jovem.

No dia 19 de maio foi diferente. Foi quando conheci Giovanna.

De um lado, uma senhora assídua frequentadora das atividades teatrais na cidade.

A palavra repetida por ela para se referir ao nosso trabalho: “diferente”.

Nosso trabalho: meu, de Peter Handke, dos espectadores presentes.

Do outro lado, a jovem. Ela demonstrou ser amante das artes.

Durante a “função” e na roda de nossa conversa.

Estudante de direção na UNI-RIO, como ela disse, de design na PUC.

As conversas realizadas após Insulto ao Público foram todas bem dialógicas, cheias de trocas e sorrisos.

Engana-se quem lê Insulto no título esperando agressões.

O espetáculo que realizo, em solo de teatro, esvazia a potência da agressão.

A finalidade ali é o jogo da reflexão. Refletimos uns nos outros. Espantar os ódios. Atrair o pensamento de modo lúdico.

Na sexta-feira seguinte, voltei ao local do “crime”. Ou da investigação.

Fui assistir uma leitura de Tennessee Williams.

Zoo de Vidro, ou À margem da vida.

Quando fiz prova para reingresso no curso de direção da UNIRIO escolhi uma cena dessa peça.

A mãe volta da rua depois de descobrir que sua filha não frequentava mais o curso de datilografia. Eu também não frequentei o curso de direção. Segui meu rumo pesquisando processo, autoria e formas corais na pós-graduação.

Em À Margem da vida (prefiro essa tradução teatral a uma tradução “literal”), o poeta se faz narrador e personagem, como em certas peças de Shakespeare.

Referência citada no próprio texto por diferentes modos.

A tradução do etos através do corpo; como se vê no problema da perna na irmã do poeta-narrador que reflete sua dificuldade de caminhar pela vida, assim como a corcunda de Ricardo III reflete sua falha de caráter.

O texto de Insulto ao Público é de 1966. Não há personagens. Nem narradores. Não há perguntas, nem o pronome eu. Somente “Nós”.

Tempo da Revolução Cultural na China. Tempo de passeatas nas ruas pelo mundo.

Vietnã. Homem na lua. O rei da vela do Teatro Oficina.

Em 1967 João Rosa assumia sua cadeira na ABL. Logo depois morria.

Maio de 1968. Contracultura. Ditadura militar por todo canto.

Peter Handke, o autor de Insulto ao Público, Grito de Socorro e Kaspar, nasceu na Áustria em uma região montanhosa e de fronteira entre a antiga Iugoslávia e a Itália.

Sua arte também é de fronteira.

Como foi a do Sr. Rosa, diplomata que cuidava dos assuntos de fronteira.

Os textos teatrais de Handke da década de 1960 são considerados marcantes para um novo panorama estético, chamado por Hans-Thies Lehman de pós-dramático por não corresponder mais a parâmetros da tradição literária dramática. Ou épica, como se encontra na obra de Tennessee Williams.

Handke chama essas obras de peças-faladas.

Ele retoma os antigos gregos, como Ésquilo, condensando o fenômeno teatral em sua realidade fática, como enunciação coletiva compartilhada e figurada pela presença do coro.

Jogo coral é também um traço marcante em Insulto ao Público. “Formas corais contemporâneas” foi tema de meu pós-doutorado sobre o teatro de Antunes Filho e Enrique Diaz. Diaz: parceiro-mestre-poeta da cena com quem comecei a fazer teatro.

Em Handke, encontramos a coralidade em meio a uma instância monológica; a singular voz do autor se coloca entre as palavras dos oradores marcando seu ponto de vista enquanto presença crítica ao seu tempo histórico, teatral e literário. “A nossa opinião não precisa coincidir com a do autor” (diz ele em Insulto ao Público). Teatralidade de falas, do jogo de palavras; um laboratório da escuta; das energias corporais.

A tradução que utilizo é a de George Bernard Sperber. Ele é casado com Suzi Sperber, brilhante pesquisadora da obra de Guimarães Rosa.

Simone Homem de Mello em conversa realizada em 2004 como o escritor austríaco confirma ser Handke leitor-admirador de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. A Perda da Imagem ou através da Sierra de Gredos remeteu sua tradutora ao Grande sertão: veredas “pela similaridade do ermo de Gredos com o sertão de Diadorim”, entre outros aspectos que eu, leitor, também percebo.

Em A Perda da Imagem há uma triangulação entre leitor, autor-poeta e sua musa-objeto da escrita. Ela, uma banqueira. Diadorim, guerreira. A escrita é porosa e permeável ao lugar que descreve; aos corpos ausentes que evoca.

“Quanto mais vigoroso o apelo por unidade, mais forte o eco, querendo dizer: separação, para sempre. Não apenas luto: dor, à beira do grito; dor de não-poder-ficar-junto-para-sempre. E foi assim que joguei fora, pelo teto do carro, a asa de falcão apanhada na floresta aluída pelo vendaval.” (Handke, A Perda da imagem, p. 165).

Dia-dor-im. Dor que se carrega dentro dia após dia.

Essa dor de “não-poder-ficar-junto-para-sempre” é que mobiliza Riobaldo, poeta narrador de si mesmo para inventar a memória de suas narrativas literárias.

Essa dor, que é de todo-mundo, é minha também.

Meu relacionamento amoroso (com uma moça chamada Bárbara) durou 19 anos, não chegou a 20 como a jovem Maria Fernanda. Moça que leva o primeiro nome de minha filha. Maria Luiza. Moça que carrega em seu segundo nome o primeiro nome da mãe da Giovanna Sassi (minha interlocutora no dia 19 de maio). Filha de Fabrizio. Eu, Fabio, o Cordeiro que não retira pecado nenhum do mundo. Maria Luiza significa “rainha guerreira”.

Como diz Riobaldo (e seus heterônimos Tatarana e Urutú Branco): “Diadorim é a minha neblina”. Ou: “O sertão é dentro”.

Dessa obra retiramos Nonada, que inicia, permeia e conclui o livro do Sr. Rosa. E a companhia fundada em 2004 (ano de meu casamento), com a primeira montagem de Insulto ao Público, teve que mudar de nome por imposição de um advogado detentor dos direitos autorais de “Nonada” (e do Grande Sertão). Para não virar nada, transformou-se em Nonata. Que vem do latim res-non-nata, assim como res-publica. Não por acaso a narrativa de Riobaldo é circunscrita pelo tempo da proclamação da República.

Como diz Darcy Ribeiro, em O povo brasileiro, “nonadas” eram os que não eram nascidos em prole abastada, nem portugueses, nem índios ou negros; os mestiços, filhos da terra do pau-brasil. Non-nata. Não nascido é o novo, o que ainda não foi visto. Portanto, é a obra por ser inventada. É também a brasilidade em construção.

Nonata Cia de Arte segue adiante pelas veredas do amor pela criação poética.

Com gratidão e generosidade na “partilha do sensível”,

escrevendo novas linhas, novas cenas.

 
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Publicado por em 3 03America/Sao_Paulo junho 03America/Sao_Paulo 2017 em GRANDE SERTÃO, Insulto ao Público, NOTAS DE PERCURSO

 
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Insulto ao Público na Scuola di Cultura

HOJE TEM !!

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Em Insulto ao Público (ensaio aberto) não tratamos o espectador como cliente.
Não há pagamento pelo ingresso.
Todos entram (com o limite de 20 por ensaio aberto).
A contribuição é voluntária e a medida é definida pelo desejo ou a impossibilidade de contribuir.
A sua presença é a contribuição mais necessária.
“Sem a sua presença, falaremos no vazio”.
Ao enunciar que aceito contribuições estou afirmando que não é filantropia, existem custos e necessidades.
E eu preciso continuar! A contribuição é muito mais para a continuidade do trabalho, um processo da Nonata Cia. de Arte, do que para pagar por um produto prontamente entregue ao consumidor.
 
Quero agradecer.
Não faria sem o apoio valioso da Scuola di Cultura, sem a ajuda do Fabrizio Sassi e do Victor Salzeda.
Não faria sem o apoio de Carlos Mattos, também produtor da Nonata Cia. de Arte.
Sem meus pais, também não faria.
 
Desde o início da minha trajetória no teatro buscava em algum momento do espetáculo olhar diretamente para o espectador. Buscava olhar um por um, buscava encontrar o olhar de cada um ali.
Nas duas encenações que dirigi em 2004 e 2012 não fiz nenhuma roda de conversa ao final do espetáculo.
Na terceira e última encenação o objetivo principal é chegar ao momento dessa conversa para finalizar o encontro.
 
Fazer do agora uma Ágora.
 
Até já. Abraços a todos !!
Fabio Cordeiro
 

INSULTO AO PÚBLICO

ensaio aberto & roda de conversa.

HOJE. 20hs. Scuola di Cultura, São Francisco, Niterói.
Av. Presidente Roosevelt, 1063.
Telefone: 3629-1063
Flyer Ensaio Aberto para Divulgar
 
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Publicado por em 12 12America/Sao_Paulo maio 12America/Sao_Paulo 2017 em Insulto ao Público

 
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Ensaio aberto: Insulto ao Público

 

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Em janeiro estive na UFF, participei da última aula de um curso da pesquisadora Martha Ribeiro.

Fui conversar sobre Insulto ao Público.

E lá e em casa li novamente. Li e me ouvi novamente.

Fiquei instigado.

Agora retomo minha leitura encenada em situação completamente diferente.

Sem elenco. Seria eu ali um ator? Eu? Não! Ele!

Não seria ele o encenador? Só presenciando pra saber.

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Só. E no Teatro. Sem a sua presença falarei no vazio. Mesmo. Farei feito o ator italiano Giovanni Mongiano e seu “Improvisações de um ator que lê”.

A conexão italiana anda intensa. Estarei na Scuola di Cultura, na Sala Pirandello.

O teatro dentro do teatro. Humorismo e melancolia.

Como diz Italo Calvino:

“Assim como a melancolia é a tristeza que se tornou leve, o humor é o cômico que perdeu peso corpóreo”

Farei a leitura encenada de Insulto ao Público investigando modos de falar entre humor e  jogo cênico.

Terceira versão. Final cut. Três dias de Ensaio aberto.

Falarei no vazio? Ser espectador hoje: como filtrar, como respirar o que vem de fora?

“Os senhores são o tema. Os senhores estão na mira. É dos senhores que pula a faísca para nós.”

“Este é um jogo de palavras.”

Texto: Peter Handke. Tradução: George Bernard Sperber.

Arte visual: Carlos Mattos. Fotos: Rafaela Freitas e Fabio Cordeiro

Participação: Pedro Paulo Rangel.

Encenação: Fabio Cordeiro

MAIO. SEXTAS. 20H. 05, 12 e 19. SCUOLA DI CULTURA. SÃO FRANCISCO. NITERÓI.

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Publicado por em 16 16America/Sao_Paulo abril 16America/Sao_Paulo 2017 em Insulto ao Público

 

Humorismo: via Pirandello

 

A palavra humorismo chegou até nós naturalmente do latim e com o sentido material que tinha de corpo fluido, líquido, umidade ou vapor, e também com o sentido de fantasia, capricho ou vigor. Aliquantum habeo humoris in corpore, neque dum exarui ex amoenis rebus et voluptariis (“Quando me exauria com coisas aprazíveis e voluptuosas, não tinha eu no corpo a quantidade de humor que ora tenho” – Plauto). Aqui humor não possui evidentemente sentido material, porque sabemos que, desde os tempos mais antigos, cada humor do corpo era considerado como sinal ou causa de moléstia.

Convém, tratando-se do humorismo, ter presente também este outro significado da palavra humor, o de moléstia, e que melancolia, antes de significar essa delicada afecção ou paixão da alma, como nós a entendemos, tivera na origem o sentido de bílis ou fel e havia sido para os antigos um humor na acepção material do termo. Veremos depois a relação que as duas palavras, humor e melancolia, terão entre si ao assumirem um sentido espiritual.

(PIRANDELLO, Luigi. O HUMORISMO. In: Pirandello – Do teatro no Teatro. Organização: J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1999. Pág. 44-45)

 

 

 
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Publicado por em 24 24America/Sao_Paulo março 24America/Sao_Paulo 2017 em CURSOS, OFICINAS, WORKSHOPS, NEL - REFINARIA CULTURAL

 
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12227587_10207061237761934_5380858395291184413_n [foto de Anderson Dias, no sertão, na região do São Francisco]

(…)

– “Pois é, Chefe. E eu sou nada, não sou nada, não sou nada… Não sou mesmo nada, nadinha de nada, de nada… Sou a coisinha nenhuma, o senhor sabe? Sou o nada coisinha mesma nenhuma de nada, o menorzinho de todos. O senhor sabe? De nada. De nada… De nada…”

(…). O dia envelhecia. (…).

(…). O sertão é sem lugar. (…).

 

[G. Rosa in Grande Sertão: veredas, 2006, 350-354]

sou nada

 
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Publicado por em 16 16America/Sao_Paulo outubro 16America/Sao_Paulo 2016 em GRANDE SERTÃO

 
Citação

 

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[foto de Anderson Dias, no sertão brasileiro, região do São Francisco]

Em Grande Sertão: veredas o termo nonada aparece 6 vezes ao longo do livro.

Transcrevo abaixo:

 

7-8

Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões.  O senhor ri certas risadas… Olhe; quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade.  O Urucúia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. Os gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho.  Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães… O sertão está em toda parte.

 

310-311

[…]. Diadorim me veio, de meu não-saber e querer. Diadorim – eu adivinhava. Sonhei mal? E em Otacília eu sempre muito pensei: tanto que eu via as baronesas amarasmeando no rio em vidro – jericó, e os lírios todos, os lírios-do-brejo – copos-de-leite, lágrimas-de-moça, são-josés. Mas, Otacília, era como se para mim ela estivesse no camarim do Santíssimo. A Nhorinhá – nas Aroeirinhas – filha de Ana Duzuza. Ah, não era rejeitã… Ela quis me salvar? De dentro das águas mais clareadas, aí tem um roncador. Nonada! A mais, com aquela grandeza, a singeleza: Nhorinhá puta e bela. E ela rebrilhava, para mim, feito itamotinga. (…).Se vendo minha alma, estou vendendo também os outros. Os cavalos relinhcham sem causa; os homens sabem alguma coisa da guerra? Jagunço é o sertão. O senhor pergunte: quem foi que foi que foi o jagunço Riobaldo? […]. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente – o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. Deus é quem sabe. O Reinaldo era Diadorim – mas Diadorim era um sentimento meu. Diadorim e Otacília. Otacília sendo forte como a paz, feito aqueles largos remansos do Urucúia, mas que é rio de braveza. Ele está sempre longe, sozinho.

 

326

Atirei. Atiravam.

Isso não é isto?

Nonada.

 

410-411

[…]. Aquilo – era eu ir à meia-noite, na encruzilhada, esperar o Maligno – fechar o trato, fazer o pacto!

[…]. O que eu tinha, por mim – só a invenção de coragem. Alguma coisice por principiar. O que algum tivesse feito, por que era que eu não ia poder? E o mais – é peta! – nonada.

Diadorim, esse, nunca teve instante desiludido. Sempre eu gostava muito dele. Só que não falasse; por aquele tempo eu quase não abria boca para conversação.

 

595

O senhor nonada conhece de mim; sabe o muito ou o pouco? O Urucúia é ázigo… Vida vencida de um, caminhos todos para trás, é história que instrui vida do senhor, algum? O senhor enche uma caderneta… O senhor vê aonde é o sertão? Beira dele, meio dele?… Tudo sai é mesmo de escuros buracos, tirante o que vem do Céu. Eu sei.

 

608

(…). O Rio de São Francisco – que de tão grande se comparece – parece é um pau grosso, em pé, enorme… Amável o senhor me ouviu, minha idéia confirmou: que o Diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia.

 

 

Seis vezes nonada

 
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Publicado por em 16 16America/Sao_Paulo outubro 16America/Sao_Paulo 2016 em GRANDE SERTÃO

 
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O Sr. Rosa e a cena da leitura

Por Fabio Cordeiro |

Veja: no título, ele usa “Grande” para se referir ao “Sertão”. Veredas são caminhos estreitos. O livro começa com um travessão (ou seja: é uma conversa que já estava acontecendo, e o leitor acompanha a prosa em andamento; em fluxo, do rio ou da vida) encontrando a palavra Nonada… que é oposta ao Grande. O Sertão ao mesmo tempo é o interior do país como também é dentro de quem fala, escreve… ou seja… é invenção subjetiva.

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Riobaldo, o narrador, é artífice de uma poética da leitura. Leitura que se faz de si, do mundo, dos livros; dicionários, significados, imagens, etc. Jagunço letrado, quando jovem foi professor. Na presença de um ouvinte urbano, o sertanejo do interior mostra sua capacidade e domínio com o manejo das palavras, entre sabedoria e poesia, força e fragilidade, grandiosidades e miudezas, coragens e valentias. Riobaldo quando fala no presente da narrativa relê não somente a sua história como a nossa, enquanto país independente no tempo das primeiras décadas da República, escravocrata e miliciano, longe dos dias democráticos, vividos na época da publicação de Grande Sertão (1956), com a recente eleição do também mineiro, e médico, Juscelino Kubitschek.

Ler é um exercício de abertura para ouvir o outro, o que o outro tem a dizer. Então, a cena da leitura é uma cena que valoriza o exercício de escutar e imaginar. Quando lemos fabricamos cenas imaginárias, compomos. Na primeira linha, o travessão. Na última, muitas páginas depois, a palavra travessia.  Ninguém atravessa o mesmo rio sendo o mesmo duas vezes, conforme o antigo grego Heráclito. Tudo o que Riobaldo diz não é relato científico, uma descrição do passado, mas poesia metafísica. Riobaldo é poeta e ator de suas memórias envelhecidas. Ele é fluxo constante de releituras.

Como teatralizar a cena da leitura?

Em 2002, como diretor assistente participei da teatralização de A Paixão Segundo GH, de Clarice Lispector, estreando no CCBB RJ. Em cena, um solo de Mariana Lima, com a direção de Enrique Diaz, figurinos de Marcelo Olinto, cenografia de Marcos Pedroso, iluminação de Guilherme Bonfanti, vídeos de Carolina Jabor e trilha sonora de Marcelo Alonso Neves. Era um solo, sim. Mas aconteciam momentos em que ela desaparecia. O espectador ficava com a luz… a música…o vídeo… ou com a voz em off, sem ela na tela… mas depois aparecia, sumia e voltava pro espaço cenográfico.

No projeto Grande Sertão: uma leitura por veredas a concepção está mais próxima dessa teatralidade, desse tipo de composição de linguagens. Não faremos um recital, com o ator declamando lindamente trechos cheios de bonitezas retiradas do livro. Não é essa a proposta. Em nossa concepção, da Nonata Cia. de Arte (Carlos Mattos e Fabio Cordeiro), a proposta é “colocar” Riobaldo em cena de maneiras espetaculares.  Riobaldo é e não é. Ele é jagunço e professor, é o demo e o amor, é Diadorim ou Otacília? Como narrador que atua em um monólogo é também um contador de histórias, um cantador de “causos”, um ator criando seu teatro. Convidamos Jackson Antunes, mineiro que vem do interior, onde parte da história do Grande Sertão acontece. Lá, no circo, ele falava textos literários, poéticos, no picadeiro.

Como teatralizar a cena da leitura?

 

LEIA mais >> “Existe é homem humano”

 
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Publicado por em 25 25America/Sao_Paulo setembro 25America/Sao_Paulo 2016 em GRANDE SERTÃO

 
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O ensaio como discurso cênico (A Cia. dos Atores de A Bao A Qu)

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Susana Ribeiro, Enrique Diaz, Marcelo Olinto e Fabio Cordeiro em palestra apresentada no ciclo de vídeos “Mostra de Teatro Brasileiro Filmado” como parte da programação do 3o Encontro Questão de Crítica (2015).

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LEIA >>

o texto que escrevi antes, durante e depois da palestra >> baixando gratuitamente o livro >> 3 Encontro Questão de Crítica

O estudo se baseia em palestra realizada no Espaço Sesc de Copacabana e aborda a presença de traços ensaísticos na estrutura formal de A Bao A Qu (um lance de dados), realização que marca o período de fundação da Cia. dos Atores, e sua trajetória posterior com mais de 30 anos de existência, configurando-se como um dos conjuntos brasileiros mais importantes na passagem para o século XXI.

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https://vimeo.com/134978218

 

Em 2016 completou-se 10 anos da publicação do livro que ajudei a idealizar, organizar, pesquisar, entrevistar, escrever e editar…. “na companhia dos atores”…

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A COMPANHIA DOS ATORES… na época do lançamento do livro… completando 18 anos de trajetórias…dsc_7331-suzana-ribeiro-cesar-augusto-bel-garcia-enri-638x350

 
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Publicado por em 22 22America/Sao_Paulo setembro 22America/Sao_Paulo 2016 em NOTAS DE PERCURSO

 
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LENDO POR VEREDAS 

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foto de Anderson Dias (em Porto da Folha, ilha do Ouro, próximo ao Rio S. Francisco)

Por Fabio Cordeiro

“Ao que vim ajustar são propostas. Ao salvo e lucro das nulas partes. As ambas. Caso se Ossa Seoria se concorde…” (Guimarães Rosa, Grande Sertão: veredas, p. 361)

O roteiro de Grande Sertão: uma leitura por veredas, em processo de elaboração, seleciona trechos do livro de Guimarães Rosa, tendo em vista o grande número de páginas do original, de acordo com a proposta de apresentar uma leitura em voz alta que teatraliza no espaço cênico suas partes mais marcantes.

Como a intenção é oferecer uma experiência lúdica e provocar no espectador o desejo de ler nossa literatura, busca-se a síntese sem incorrer na redução de seus conteúdos e formas literárias mais singulares. O caminho que se impõe é o da concentração, ao mesmo tempo, com o compromisso de compactar sem tornar superficial. O roteiro não procura dar conta de tudo, por ser tarefa inviável para uma apresentação pública de pouco mais de uma hora de duração. Além de cortar muitos trechos não se efetiva maiores interferências no texto do Senhor Rosa. Em meu processo de edição não modifico a ordem em que aparecem as frases. Tomo o cuidado de não alterar seu estilo como escritor, evitando dentro do possível alterar detalhes de sua narrativa. Ao mesmo tempo, é como se ouvíssemos os trechos (aos pulos ou galopes) avançando sem perceber as ausências das partes retiradas. A fragmentação do original está sendo mantida.

Sua estrutura lembra a de uma espiral, em que assuntos, personagens, memórias e diálogos retornam, voltam e desaparecem novamente, voltando a ecoar nas falas do narrador envelhecido, quando se dirige a seu interlocutor silencioso. Seria a figuração do escritor e do leitor que são convidados a recriar na imaginação o universo do sertão dos jagunços, suas guerras, sua miséria e riqueza, seus amores e suas vinganças. O que fornece unidade narrativa tanto ao livro quanto ao roteiro do espetáculo da Nonata Cia. de Arte é o encontro entre Riobaldo com o senhor doutor, seu ouvinte, metáfora para a presença do leitor e espectador. Na leitura sonorizada, essa relação se transforma com a presença de um ator que ao conversar com o público, lendo as palavras de Rosa, acaba assumindo comportamentos diferentes, mais teatrais, que vão além do simples ato de ler.

Na pós-modernidade, Ser e não Ser toma o lugar da questão. “Tudo é e não é”, como afirma Riobaldo, personagem do Senhor Rosa, que assim “teatraliza” através de um monólogo a própria história. De certo modo, há em Grande Sertão uma defesa crítica do mundo letrado como modo de superação da barbárie, representada pelos jagunços, personagens marginais. Conhecer é saber como aumentar a própria potência de agir. Assim, Riobaldo navega por seus pensamentos ao mesmo tempo em que recria, inventando como um poeta, aquilo que aparentemente viveu, retoma suas memórias do tempo da primeira república, entre veredas e batalhas pelo sertão brasileiro, para falar de seus amores e sabedorias adquiridas com o tempo vivido.

“Existe é homem humano”

 
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Publicado por em 19 19America/Sao_Paulo setembro 19America/Sao_Paulo 2016 em GRANDE SERTÃO

 
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“Existe é homem humano”

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Riobaldo é poeta e narrador de si mesmo; inventa sendo ele mesmo uma invenção poética. O personagem de João Guimarães Rosa é filho bastardo e único herdeiro de um fazendeiro no interior mineiro, ex-combatente entre jagunços e coronéis de um tempo que aparentemente acabou em nossa cultura. Em alguns momentos do romance aparece a expressão Nonada. Já na primeira linha. É comum pensar que a palavra seria um neologismo; mas não é.

Termo do português arcaico, nonada pode ser utilizado para referir-se tanto a alguém (um “zé-ninguém”) como a algo (sem valor ou insignificante). De acordo com dicionários contemporâneos, vem de uma redução do latim “res non nata” e quer dizer literalmente “coisa de não nascido”. Seu significado pode variar de acordo com o contexto em que atua como adjetivo para “pessoas não nascidas em prole abastada” ou para assuntos de “menor importância ou valor”.

Nonada, não-nada, ninharia, bagatela. Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro refere-se aos primeiros “brasileiros” nascidos em território “nacional” como “nonadas”. Nem portugueses, nem índios ou africanos, ainda não eram brasileiros, porque o país ainda estava por ser inventado. Nonada: coisa de nenhum ser. Nonadas eram os despossuídos, os que eram considerados como mestiços e se viram forçados a inventar, ao longo de décadas, sua própria e plural identidade étnica (a do brasileiro) a partir de heranças miscigenadas e do encontro com a diversidade de geografias de cada localidade.

Em Grande Sertão: veredas, mais ao final da obra narrada e protagonizada por Riobaldo, que diz ao leitor/ouvinte/espectador:

“O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia.” (p.608)

Adotamos o termo Nonada e depois Nonata como eixo norteador para o trabalho que necessitamos desenvolver enquanto artistas-pesquisadores. Nonata ou Non Nata (o “não nascido”) fornece contornos para a trajetória que estamos percorrendo, buscando o Novo; os novos encontros, os novos trabalhos, as novas formas de auto expressar, resultando em obras ou ações singulares. Não massificar. Singularizar.

Nonata Cia de Arte para nós significa uma postura reativa a ser tomada diante da vida: não ao nada, não ao vazio de desejos e afetos, sim ao movimento, ao processo continuado de aprendizagens, na medida em que pouco pode representar bem mais que nada. Ainda que o nada seja parte essencial do fazer artístico, enquanto uma instância, um estado de passagem, “é preciso estar atento ao movimento”, como afirma Ítalo Calvino, em As cidades invisíveis (1972).

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Lendo por veredas

O Sr. Rosa e a cena da leitura

 
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Publicado por em 8 08America/Sao_Paulo setembro 08America/Sao_Paulo 2016 em GRANDE SERTÃO

 
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12 anos na Cia. da Arte

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Em 2004, Sesc Tijuca, uma leitura encenada de Insulto ao Público

Hoje completamos 12 anos de existência. Nonada Companhia de Arte… ou Nonata Cia. de Arte… Em dezembro do ano passado descobrimos que a palavra Nonada está registrada como marca pela Nonada Cultural. Essa mesma empresa representa os direitos autorais de Grande Sertão: veredas. E não nos permitiu continuar com o nome escolhido em 2004. O primeiro trabalho da Cia. chamava-se Insulto! e se baseava em texto de Peter Handke. Estreamos no dia 01 de outubro na Sala Multiuso do Espaço Sesc (RJ). Consideramos o dia 18 como data de fundação por ter sido a primeira apresentação que fizemos e nos anunciamos assim.

Então, desde 2015, depois da publicação de um texto sobre os 10 anos de nossa quase existência, entramos em novo CICLO de trabalhos. Nonata e Nonada encontra sua etimologia em res-non-nata, do latim, que designava assuntos, objetos ou pessoas  de menor ou nenhum valor, non-nata é o não nascido em prole privilegiada. Res-pública; res-non-nata. O novo é o não nascido. Aquilo que ainda não ganhou forma é a obra de arte. Aquilo que ainda não tem lugar é utopia. Caminhamos. Idealizamos alguns projetos para potencialmente realizarmos. Entre eles, destaco o projeto de teatralizar a obra de João Guimarães Rosa, que completa 60 anos em 2016. Breve, um pouco mais sobre nossa caminhada. Curiosamente, foi com a leitura encenada de Insulto ao Público que fundamos a Cia. e será com a leitura encenada Grande Sertão: uma leitura por veredas que marcaremos a nova etapa da NONATA CIA DE ARTE, composta hoje por Carlos Mattos e Fabio Cordeiro (na foto de 2004, dias antes da estréia no Espaço Sesc, com Raquel Bruno e Priscila Fialho).

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Publicado por em 18 18America/Sao_Paulo agosto 18America/Sao_Paulo 2016 em NOTAS DE PERCURSO

 

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“Nós somos nós”: nonada, companhia e arte”

Esse é o link para o texto escrito por Fabio Cordeiro para a Revista Questão de Crítica, publicado em junho de 2015.

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Resumo: O artigo repensa os dez anos de existência da Nonada Companhia de Arte, discutindo os conceitos envolvidos em sua nomeação, tendo em vista um novo ciclo que se anuncia. Além de resumidamente descrever sua trajetória e os principais espetáculos realizados, procura-se discutir a noção de continuidade envolvida no processo criativo da cena brasileira.

http://www.questaodecritica.com.br/2015/05/nos-somos-nos/

 
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Publicado por em 19 19America/Sao_Paulo junho 19America/Sao_Paulo 2015 em NOTAS DE PERCURSO

 
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bibliotecas-trinitycollege_013ORGANIZAMOS listas de reprodução de acordo com referências e pesquisas em andamento.

Literatura & Filosofia,

Dança & Música,

Artes Plásticas & Cinema,

Artes Cênicas e Documentários

Aulas, cursos, palestras, entrevistas, shows, filmes…

Aos poucos as listas vão aumentando… 

[na foto: o encenador inglês Peter Brook dirigindo Marat/Sade com a Royal Shakespeare Company]

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Talvez você encontre algo… abaixo três opções… estamos sempre atualizando…

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>> NEL – Nonata Escola Livre [listas no youtube]

 

>> Educação Contemporânea

 

>> Pensamento Contemporâneo

 

>> Música Contemporânea

 

 
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Publicado por em 30 30America/Sao_Paulo março 30America/Sao_Paulo 2012 em CINECLUBE, NEL - REFINARIA CULTURAL

 

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O MILAGRE DA VIDA, Texto de Frei Beto publicado originalmente pelo Jornal O Globo, Seção Opinião, 01/11/1998. p. 7.

 

“As palavras pesam. Talvez porque sejam a mais genuína invenção humana. Os papagaios não falam, apenas repetem. Não escapam de seus limites atávicos. Curioso é o organismo humano não possuir um órgão específico da fala. O olho é a fonte da visão, como o ouvido, da audição. A língua facilita a deglutição, como a traquéia, a respiração. No entanto, a ânsia de expressar-se levou o ser humano a conjugar mente e boca, órgão da respiração e da deglutição, para proferir palavras.

 

“No princípio era o Verbo”, reza o prólogo do evangelho de João. Deus é Palavra e, em Jesus, ela se faz carne. O mundo foi criado porque foi proferido: “E Deus disse: ‘Haja a luz’ e houve luz”, conta o autor de “Gênesis”.

 

Vivemos sob o signo da palavra. Unir palavra e corpo é o mais profundo desafio a quem busca coerência na vida. Há políticos e religiosos que primam pela abissal distância entre o que dizem e o que fazem. E há os que falam pelo que fazem.

 

A palavra fere, machuca, dói. Proferida no calor aquecido por mágoas ou ira penetra como flecha envenenada. Obscurece a vista e instaura solidão. Perdura no sentimento dilacerado e reboa, por um tempo que parece infinito, na mente atordoada pelo jugo que se impõe. Só o coração compassivo, o movimento anagógico e a meditação livram a mente de rancores e imuniza-nos da palavra maldita. Machado de Assis ensina que a palavras têm sexo, amam-se umas às outras, casam-se. O casamento delas é o que se chama estilo.

 

A palavra salva. Uma expressão de carinho, alegria, acolhimento ou amor, é como brisa suave que ativa nossas melhores energias. Somos convocados à reciprocidade. Essa força ressurrecional da palavra é tão miraculosa que, por vezes, a tememos. Orgulhosos, sonegamos afeto; avarentos, engolimos a expressão de ternura que traria luz; mesquinhos, calamos o júbilo, como se deflagrar vida merecesse um alto preço que o outro, a nosso parco juízo, não é capaz de pagar. Assim, fazemos da palavra, que é gratuita, mercadoria pesada na balança dos sentimentos.

 

Vivemos cercados de palavras vãs, condenados a uma civilização que temo o silêncio. Fala-se muito para dizer pouco. Nas músicas juvenis abundam palavras e carecem melodias. Jornais, revistas, TV, outdoor, telefone, correio eletrônico – há demasiado palavrório. E sabemos todos que não se dá valor ao que se abusa.

 

Carecemos de poesia. O poeta é um entusiasmado, no sentido grego de en + théos = com um deus dentro. Como sublinha Platão no “Ion”, nele fala a divindade, o Outro. Em linguagem psicanalítica, fala o inconsciente. Como Orfeu, o poeta desce à noite dos infernos para recuperar Eurídice, o fantasma do desejo.

 

Nossa lógica cartesiana faz do palavrório uma defesa contra o paradoxo. No entanto, sem paradoxo não há arte. O belo é irredutível à palavra, mas só a palavra expressa a estética. O silêncio não é o contrário da palavra. É a matriz. Talhada pelo silêncio, mais significado possui. O tagarela cansa os ouvidos alheios porque seu matraquear de frases ecoa sem consistência. Já o sábio pronuncia a palavra como fonte de água viva. Ele não fala pela boca, e sim do mais profundo de si mesmo.

 

Há demasiado ruído em nós, em torno de nós. Tudo de tal modo se fragmenta que até a hermenêutica se cala. Hermes, o deus mensageiro, já não nos revela o sentido das coisas, mormente das palavras, que se multiplicam como vírus que esgarça o tecido e introduz a morte.

 

Guimarães Rosa inicia “Grande Sertão: veredas” com uma palavra insólita: “Nonada”.

Não nada. Não, nada. Convite ao silêncio, à contemplação, à mente centrada no vazio, à alma despida de fantasias.

 

Sabem os místicos que, sem dizer “não” e almejar o Nada, é impossível ouvir, no segredo do coração, a palavra de Deus que, neles, se faz Sim e Tudo, expressão amorosa e ressonância criativa.”

nonada e o milagre da vida segundo Frei Beto

 
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Publicado por em 29 29America/Sao_Paulo março 29America/Sao_Paulo 2012 em GRANDE SERTÃO

 
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John Cage fala sobre o som, a música, a escuta e o silêncio

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Publicado por em 10 10America/Sao_Paulo fevereiro 10America/Sao_Paulo 2012 em CINECLUBE, NEL - REFINARIA CULTURAL

 
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 Insulto ao Publico – 2004/2012 << imagens das duas versões

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 UMA DISPUTA COM O TEATRO

 Por Fabio Cordeiro (em 19/06/2011)

O texto “Publikumsbeschimpfung” [Insulto ao Público] foi publicado em 1966, pela editora Surkhamp Verlag, que ainda hoje detém os direitos autorais sobre a obra. Neste ano, Peter Handke publica suas “peças-faladas”; expressão cunhada pelo próprio escritor austríaco para definir, relativamente, o perfil estético de sua produção teatral na década de 1960.

Se naquele tempo as “passeatas” abalavam as mentalidades pelo mundo, hoje acompanhamos as “marchas” e novamente a ocupação das ruas, dos espaços públicos e simbólicos por massas inconformadas e queixosas de mudanças – vide a já rotulada “Primavera Árabe” e as marchas em defesa das liberdades e dos direitos individuais (gays, maconheiros, vadias, etc) no Brasil e no mundo. De certa maneira, o que estava em jogo na década dos 1960, ainda está em jogo e parece que sempre estará num contexto público onde se busca a democracia como maneira de convivência – a cidadania como exercício de participação na polis ganha no teatro o caráter de jogo onde o cidadão se exerce como espectador.

Logo no início de Insulto ao Público, Handke lista “Regras para os atores”; entre elas aparece (e não por acaso) essa indicação: Ouvir os coros durante as passeatas. E mais adiante: Ouvir as interrupções em meio aos debates. Beatles e Rolling Stones também são referências que aparecem na listagem que enfatiza em suas sentenças os verbos OUVIR e OBSERVAR. Não são regras propriamente. São pistas para a teatralização.

Antes mesmo das falas destinadas aos quatro “oradores”, fica nítido o compromisso que a escrita teatral de Handke se coloca no sentido de problematizar pelo exercício da linguagem o que é político em seu tempo histórico. E suas “Regras para os atores” não deixam dúvida de que a historicidade do teatro é o grande alvo de sua peleja intelectual em Insulto ao Público. Trata-se de um texto político, crítico, ácido, e pulsante de teatralidade, cuja tensão não se realiza como forma dramática. Insulto ao Público não é um texto dramático. Não se encontram personagens, narradores ou narrativas ali. Verborrágico; sim. Através da palavra, eu diria, por meio de um palavrório repetitivo, labiríntico, mas muito bem arquitetado por uma escrita toda ela assertiva. Não há diálogos, nem perguntas. Somente falas dirigidas aparentemente para os espectadores presentes; ouvintes que não podem simplesmente ouvir e calar-se, mas também não tem ao que responder, portanto, não precisam manifestar-se, não precisam nem mesmo sentir-se atingidos. O jogo teatral se instaura na palavra. Mas as palavras tematizam a própria situação espetacular. Ainda assim, ao recusar a tradição literária-dramática, Peter Handke não abandona o “teatro”, não o nega propriamente, na medida em que Insulto ao Público se realiza como tal, como teatro-espetacular, falante, visual, performático, oral e cinestésico, sem no entanto promover qualquer espécie de interatividade física, sua teatralidade é composta por materialidades sonoras, massas de palavras, ladainhas nervosas, monólogos que não falam de um “Eu”, mas de um “Nós” que porta-vozes do “Autor”. Mas como o próprio Handke deixa claro em seu texto, sobre este “Nós” que fala por “Ele”, a “nossa opinião não precisa coincidir com a do Autor”.

 Escrito em 27/06/2011

 

PETER HANDKE, A LÍNGUA E A FALA

O “carintio” é um dialeto falado no extremo norte da Eslovênia, no sul da Áustria, e numa pequena região no nordeste da Itália. É como um dialeto de fronteira. Peter Handke nasceu em 06 de dezembro de 1942, em Grifen, sul da Áustria, na região da Caríntia – estado mais meridional da Áustria, que faz limite ao sul com a ex-Iugoslávia e a Itália. Sua capital é Klagenfurt; região bastante montanhosa e predominantemente católica.

Em A Repetição [Die wiederholung, 1986]o personagem Kobal parte em uma viagem de busca por seu irmão desaparecido. Kobal procura por Kobal. Enquanto os outros embarcavam juntos no ônibus para a Grécia, eu bancava o lobo solitário que preferia ir sozinho à Iugoslávia [cf. HANDKE, 1988, p.09]. Afirma seu personagem-narrador: eu nunca estivera no exterior e mal dominava o esloveno, embora, para um habitante de uma aldeia do sul da Caríntia, este idioma não fosse exatamente uma língua estrangeira [cf. HANDKE, idem, idem].

O soldado na fronteira de Jesenice, depois de dar uma olhada em meu recém-emitido passaporte austríaco, naturalmente dirigiu-se a mim em sua língua. Como eu não o entendesse, disse em alemão que Kobal era um nome eslavo – “kobal” significava o espaço entre as pernas afastadas, a “abertura” – e, assim, também se aplicava a uma pessoa postada de pernas escarranchadas. Que o meu nome, portanto, era mais apropriado a ele, o soldado. O funcionário mais idoso, ao seu lado, à paisana, cabelos brancos, óculos redondos de cientista, sem aros, explicou com um sorriso que o verbo correspondente significava “trepar” ou “montar a cavalo”, de modo que o meu prenome Filip, aquele que gosta de cavalos, combinava com Kobal; que eu, um dia, fizesse honra ao meu nome, em tudo. [cf. HANDKE, 1988, pp. 09-10].

Continua o narrador que conta, justo na fronteira entre a Áustria e a antiga Iugoslávia, como seu nome está carregado de memórias de tempos “míticos”, na medida em que há um quarto de milênio vivera aqui, neste país, um herói popular de nome Kobal. Gregor Kobal, da região de Tolmin, no curso superior do rio que, mais abaixo, na Itália, se chama Isnozo, no ano de 1713, fora um dos líderes do grande levante dos camponeses de Tolmin e, no ano seguinte, fora executado com seus companheiros. Dele provinha a frase, hoje ainda famosa na Eslovênia por sua “audácia” e “temeridade”, de que o imperador não passava de um “servo” e que o jeito era a gente mesmo tomar providências. [cf. HANDKE, idem, idem]. Gregor Kobal também é o nome do irmão desaparecido de Filip; o narrador handkeano.

Eu sentia dentro de mim apenas impulsos sem som, ritmos sem tom, vogais breves e longas, tônicas e átonas, sem as sílabas correspondentes, uma vibração vigorosa, de períodos sem as palavras condizentes, o compasso lento, amplo, emocionante, constante, de um metro sem os versos a ele pertinentes, um arrancar generalizado que não chegava a dar partida, ímpetos baldados, uma desordenada epopéia, sem nome, sem a voz íntima, sem a concatenação de uma escrita. O que o jovem de vinte anos vivenciara ainda não era uma recordação. E recordação significava que o que havia sido estava retornando; e sim: o que havia sido, mostrava, ao retornar, o seu lugar. (…) A recordação, para mim, não é um mero relembrar, mas estar com as mãos na obra, e a obra da recordação atribui à vivência o lugar que lhe compete na sequência que a manterá viva, a narração, que sempre poderá passar para o relato aberto, para a vida maior, para a invenção. [cf. HANDKE, 1988, p. 61].

Narração, como em A Repetição, que passa a constituir-se como língua, como fala e voz; assim fazendo da invenção da linguagem um ato, inscrito também na oralidade, que é sempre carregado de recordações e materialidades – audiovisuais e performativas. Se recordar é reinventar o passado, repetir, nesse caso, não significa re-incidir no idêntico, mas na própria invenção/apropriação da linguagem.

Referências Bibliográficas:

HANDKE, Peter. A Repetição. Tradução de Betty M. Kunz. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1988.

INSULTO AO PÚBLICO

 
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Publicado por em 6 06America/Sao_Paulo fevereiro 06America/Sao_Paulo 2012 em Insulto ao Público

 

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Insulto ao Publico – vídeos 2004/2012

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Publicado por em 1 01America/Sao_Paulo fevereiro 01America/Sao_Paulo 2012 em Insulto ao Público

 
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LEMINSKI> SOBRE A LINGUAGEM

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A voz do poeta é fundamental nos dias de hoje.

 
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Publicado por em 31 31America/Sao_Paulo janeiro 31America/Sao_Paulo 2012 em CINECLUBE, NEL - REFINARIA CULTURAL

 
Nota

 

 

Em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, encontramos tal expressão do português arcaico – Nonada. Nesta expressão reside boa parte da motivação para o trabalho realizado até o momento, entre pesquisas teóricas (na pós-graduação da UNI-RIO e USP) e práticas (sobre a voz em cena) nos espetáculos apresentados pela Nonada Companhia de Arte, fundada em 2004. Tratava-se de uma especulação sobre as possibilidades do “jogo coral” funcionar como código teatral contemporâneo, propondo e estabelecendo uma relação mais individualizadora com o espectador. Não ao nada, no sentido de que há sempre muito por fazer. Essa é a proposta desta Companhia de Arte – dirigida por Fabio Cordeiro & Carlos Mattos. Ou seja, dizer não ao nada cultural, ao não fazer artístico, e à penúria de condições para se fazer a arte no Brasil, como um ofício profissional. Adotando iniciativas, e mais, não abrindo mão da tenacidade, da resiliência e da persistência na busca por nossas realizações; e assim permanecer no caminho do bem, semeando rumos… permanecendo sempre em travessia , continuando sempre na companhia da arte.

 

sobre os dez anos e a nomeação Nonada Cia de Arte

>> “Nós somos nós”: nonada, companhia e arte”

 

+ textos

>> PRIMEIRO CADERNO

>>> nonada online

nonada cia de arte

 
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Publicado por em 27 27America/Sao_Paulo janeiro 27America/Sao_Paulo 2012 em NOTAS DE PERCURSO

 

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